
Vida sofrida, lágrima no coração, força na alma.
Vivia. Sobrevivia. Pelos outros, não por ela.
Neusinha, que cuidou tão bem aqui de casa, que cuidou tão bem aqui da gente. Era mais da família do que qualquer um de nós.
Sábado agora, entro no meu quarto. A Neusinha estava de joelho aspirando o chão.
Não lembro, mas acho que não me despedi dela nesse último dia em que a vi. Saí correndo pro meu compromisso e a deixei pra trás passando roupa.
Agora, vasculhando aqui, não sou capaz de achar uma foto da pessoa que mais fez por nós nesses 23 anos de companheirismo, de doação, de amor.
Nê, onde quer que você esteja, não me deixe.
Permaneça aqui, todos os dias, limpando as minhas coisas e deixando-as bagunçadas depois. "Roubando" os lençóis de casado dos meus pais porque eu gostava de lençóis grandes na minha cama. Não me deixando lavar o cabelo depois que você lavava o banheiro. Vindo até a sala e dizendo, há anos, sempre a mesma frase: "Fê, seu quarto já ta pronto!".
Ainda ouço a sua voz. Ainda ouço a sua tosse.
É, Neusinha... nada eu sei sobre a vida. E me curvo aos seus pés: você é a minha heroína!
O que eu mais desejo nesse mundo é que agora você tenha encontrado a tão merecida paz e tranqüilidade que você tanto buscou, mas nunca teve.
A vida não foi justa contigo. Mas a eternidade será.
Nê, precisei te perder para te dizer: EU TE AMO.
Descanse em paz.
Saudades eternas...
*Neusa Martins Lacerda 10/04/1956 - 29/09/2008*