terça-feira, 30 de setembro de 2008

Descanse em paz, minha guerreira!

Eu tinha 9 meses quando ela entrou em nossas vidas. E desde então, nunca mais saiu. E mesmo agora, não ousará, pois ninguém aqui vai deixar.

Vida sofrida, lágrima no coração, força na alma.
Vivia. Sobrevivia. Pelos outros, não por ela.

Neusinha, que cuidou tão bem aqui de casa, que cuidou tão bem aqui da gente. Era mais da família do que qualquer um de nós.

Sábado agora, entro no meu quarto. A Neusinha estava de joelho aspirando o chão.
Sempre levando tudo na brincadeira, inclusive a sua dor, ela me disse: "Fê, perdão! Perdão!!!" e caiu na gargalhada. Eu, rindo da graça que ela fez em cima de sua desgraça, disse: "Ta bom, Nê! Eu te perdôo!". E rimos.
Não lembro, mas acho que não me despedi dela nesse último dia em que a vi. Saí correndo pro meu compromisso e a deixei pra trás passando roupa.

Agora, vasculhando aqui, não sou capaz de achar uma foto da pessoa que mais fez por nós nesses 23 anos de companheirismo, de doação, de amor.

Nê, onde quer que você esteja, não me deixe.
Permaneça aqui, todos os dias, limpando as minhas coisas e deixando-as bagunçadas depois. "Roubando" os lençóis de casado dos meus pais porque eu gostava de lençóis grandes na minha cama. Não me deixando lavar o cabelo depois que você lavava o banheiro. Vindo até a sala e dizendo, há anos, sempre a mesma frase: "Fê, seu quarto já ta pronto!".

Ainda ouço a sua voz. Ainda ouço a sua tosse.
"Neusa! Pára de fumar!!!!"
"Já tentei, Fê! Mas parar pra quê se esse é o único prazer que eu tenho?"

É, Neusinha... nada eu sei sobre a vida. E me curvo aos seus pés: você é a minha heroína!
Com uma vida cheia de dificuldade, ela carregou a família dela no peito, se doando, sem ninguém se doar por ela.

O que eu mais desejo nesse mundo é que agora você tenha encontrado a tão merecida paz e tranqüilidade que você tanto buscou, mas nunca teve.

A vida não foi justa contigo. Mas a eternidade será.

Nê, precisei te perder para te dizer: EU TE AMO.
Descanse em paz.
Saudades eternas...

*Neusa Martins Lacerda 10/04/1956 - 29/09/2008*

5 comentários:

Anônimo disse...

Saudades é uma coisa complicada...
Sabe, ouvi mto que o cigarro é a única coisa que dá prazer pros outros... mas aí, qdo vimos isso, começamos a entender que temos que aproveitar o tempo que temos pra fazer isso não funcionar mais como ideal...
pelo que entendi, o cigarro foi causador da sua saudade... e é da minha tb... por isso luto o máximo que posso...
beijinhos e força sempre!

Anônimo disse...

Oi querida...
Sinto muito...
É bem difícil pra mim, pq minha mãe e minha avó fumam, e eu tento tanto fazê-las parar, me dá desespero de pensar que essa porcaria pode fazer alguma coisa pra elas...
Bom, beijos...

Jana.Giroldo disse...

Oi Nanda que triste esse post....eu sei como é, já perdi alguem que cuidava da minha familia e da minha casa, forças aê quea dor é grande mas nada é por acaso viu?
achei seu blog e adicionei ao meu, muito bonito ele está
bjão
Jana

Jana.Giroldo disse...

Fingir que sabe escrever? minha nossa nanda , eu gostei de tudoq vc postou escrito por vc...o texto do ventilador foi o melhor, seu jeito tbm eh marcante...sabe pq? é algo q vc lê e se identifica na hora....!!!! gostei mesmo!!!!!!
e uhúúú continuaremos nos comentando uahauahaua
bjus

Menina Marina disse...

Nanda, difícil lidar com as perdas né? Ainda mais aquelas em que a dor não é tão óbvia, quando se trata de alguém que simplesmente estava na vida contigo, sempre perto sem ao menos se preocupar tanto com esse papel. Nessas horas sobra o vazio. Mas tenha certeza, que as pequenas sutilezas que a fazem ter lembranças, eram recíprocas, mal sabe você, se algum dia, um simples sorriso teu não mudou o dia dela pra melhor. Tenha certeza disso e leve o que há de melhor nisso tudo no seu coração.
Beijos flor